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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Crônica da saudade...


*Foto - Renata de Brito


Entre a correria do dia a dia e as pilhas de papéis (importantes) para resolver, nos isolamos em um mundo subjetivo, frio, sem perspectiva de paz.

Num lampejo de folga, sentada agora, observando o mundo ao qual sirvo mas do qual não faço parte, percebo o quanto da beleza me permiti perder.

A pacata vida caiçara, que é berço da nossa realidade e que conhecemos apenas pelo que vemos através da janela.

O som existente no silêncio...

O assobio do vento que refresca o sol...

As aves que pousam junto ao pescador...

A onda que quebra nas pedras...

A calmaria repentina...

O caos...

O nada...

O tudo que invade o coração...

A paz...

Fragmentos da real existência das nossas pessoas. O sentir livre, ser livre, é o termo incondicional dessa gente. São o que desejamos poder.

Não invejo quem está acima de mim, tem mais que eu. Invejo essa gente simples, que se guia pelas marés, que ora por boa pesca e saúde, que não almeja mais do que o que Deus lhe dá de presente.

Invejo por não poder ouvir o canto do mar, sentir a chuva no rosto, correr descalça e me atirar. Intensamente... Incondicionalmente... De verdade...

Somos tão pequeninos em nossos cargos temporários, nossas prisões cotidianas, carros envenenados, jóias exclusivas. Poder e glória pessoal quando, tudo o que precisamos ter, é honra e liberdade.

Pobres mortais...