*Foto - Renata de Brito
Entre a correria do dia a dia e as pilhas de papéis (importantes) para resolver, nos isolamos em um mundo subjetivo, frio, sem perspectiva de paz.
Num lampejo de folga, sentada agora, observando o mundo ao qual sirvo mas do qual não faço parte, percebo o quanto da beleza me permiti perder.
A pacata vida caiçara, que é berço da nossa realidade e que conhecemos apenas pelo que vemos através da janela.
O som existente no silêncio...
O assobio do vento que refresca o sol...
As aves que pousam junto ao pescador...
A onda que quebra nas pedras...
A calmaria repentina...
O caos...
O nada...
O tudo que invade o coração...
A paz...
Fragmentos da real existência das nossas pessoas. O sentir livre, ser livre, é o termo incondicional dessa gente. São o que desejamos poder.
Não invejo quem está acima de mim, tem mais que eu. Invejo essa gente simples, que se guia pelas marés, que ora por boa pesca e saúde, que não almeja mais do que o que Deus lhe dá de presente.
Invejo por não poder ouvir o canto do mar, sentir a chuva no rosto, correr descalça e me atirar. Intensamente... Incondicionalmente... De verdade...
Somos tão pequeninos em nossos cargos temporários, nossas prisões cotidianas, carros envenenados, jóias exclusivas. Poder e glória pessoal quando, tudo o que precisamos ter, é honra e liberdade.
Pobres mortais...